Responder a essa pergunta não é uma tarefa fácil e exige preparação do candidato
Por Ícaro Malta
Pedir um valor muito alto não é bem-visto, jogar o preço lá embaixo também não é muito legal
Você se depara com uma oportunidade de emprego, mas sem muitas informações. O campo salário não apresenta números, mas sim a frase “a combinar”. Na hora da entrevista, o recrutador questiona: Qual é a sua pretensão salarial? Essa temida pergunta tem aparecido cada vez mais nas seleções, mesmo que o assunto ainda seja tabu no Brasil.
Pedir um valor muito alto não é bem-visto, jogar o preço lá embaixo também não é muito legal. Como responder então? Antes de mais nada, é preciso entender o porquê essa pergunta aparece na seleção. E não é uma simples pegadinha.
Empresas tem orçamentos e existe uma limitação na hora da contratação. Essa pergunta ajudaria a deixar o processo mais prático, já que pode servir como uma nota de corte para candidatos que desejam receber muito mais do que a empresa pode pagar.
Perguntar sobre a pretensão salarial também ajuda a entender o tamanho da experiência do candidato. O salário de um profissional com 10 anos de trajetória profissional costuma refletir essa bagagem.
Como saber qual é a minha pretensão salarial?
Esse é um processo individualizado e particular. Além disso, é necessário somar diversos fatores. A psicóloga e orientadora de carreira Lisandra Araujo Goulart traz dicas importantes para esse momento.
- Pesquise o mercado considerando sua área e nível de experiência consultando sites de recrutamento e informações salariais disponíveis;
- Avalie sua experiência e habilidades honestamente, considerando sua experiência profissional, educação, habilidades e conquistas relevantes;
- Considere seu contexto pessoal incluindo fatores como seu custo de vida, necessidades financeiras, expectativas de crescimento profissional e benefícios oferecidos pelas empresas. Pense também em como a remuneração se encaixa em seus objetivos de carreira a longo prazo;
- Busque orientação: Converse com profissionais da área, recrutadores ou consultores de carreira. Eles podem fornecer dicas valiosas sobre a remuneração esperada em seu setor e fornecer orientações mais específicas com base em sua situação.
A especialista ainda alerta que não considerar o tamanho, segmento e nacionalidade da empresa na qual se está buscando informações salariais, ou para a qual está se candidatando, é um erro bastante comum.
“Grandes multinacionais americanas do segmento de tecnologia, muitas vezes contratam profissionais formados nas melhores universidades, que tenham inglês fluente, experiência no exterior, e altos níveis de excelência. Os salários pagos para analista pleno em empresas como esta podem ser equivalente ao salário de um coordenador ou de um gerente numa empresa nacional de pequeno porte de outro segmento”, explica.
Em média, a maioria das empresas provavelmente irá oferecer salários até 20% maiores (ou menores) do que a sua última remuneração (ou remuneração atual).
O sócio-diretor da Connection, empresa especializada em gerenciamento de carreira e recolocação profissional, Gabriel de Mattos, reforça que a pesquisa prévia da empresa para qual você está aplicando é imprescindível não somente para responder à pretensão salarial, mas para o resto do processo. “Você precisa tentar chegar com o máximo de informações possíveis, como o que se espera do cargo, benefícios entre outros. Tudo isso ajuda na hora de dar uma resposta”, afirma.
Quando devo falar sobre a minha pretensão salarial?
Ainda pensando em uma oferta de emprego não estipulou o tamanho do salário: Como falar sobre isso? Os especialistas convergem que o ideal é esperar que o recrutador toque no assunto. Mas, para Lisandra, o candidato pode abordar o tema, mas tem que ser muito sutil.
“Passar a percepção de que você só está interessado no dinheiro (e não na empresa ou no desafio oferecido), pode ser entendido negativamente. Nestes casos sugiro que escute todas as informações trazidas pelo recrutador, comente sobre o desafio e pergunte se é possível saber a faixa salarial que está sendo trabalhada para a posição em questão”, orienta.
Como responder à pergunta?
Seguindo as dicas você poderá responder de forma calma e segura. Essas são as palavras-chave. “Esteja preparado para discutir o assunto quando solicitado e tenha em mente sua faixa salarial desejada com base em sua pesquisa e análise pessoal”, explica Lisandra.
Para Gabriel, é importante que você vá para uma entrevista já com um número pensado, mas ele não precisa ser fechado. “O ideal, para os dois lados, é que aconteça uma negociação. Se você responde um número fechado, deixa pouca margem para discussão. Aconselho a dizer uma faixa salarial, ou em reais, ou em quantidade de salários mínimos, e assim a negociação fica mais fácil”, afirma.
Os especialistas também alertam que é preciso levar em consideração os outros benefícios que uma empresa pode oferecer. Não somente os mais comuns como vale-refeição e plano de saúde, mas a possibilidade de crescimento na empresa. “Seja flexível, mantenha postura profissional e saiba quando ceder”, resume Lisandra.
Matéria publicada pelo Terra, leia o original clicando aqui.